De cara cheia

Já peguei o amor em contradição,

Vendendo o que tem comprado;

Fingindo quebrar a taça,

Esperando que a amada faça,

Algo inesperado...

Já peguei o amor contando lorota,

Na máscara que bota em seu anseio;

Dizendo que vai pensar,

E um dia, talvez, quiçá,

O ginete encontra rodeio...

Já peguei o amor fora da casinha,

Fazendo armada para laçar a lua;

Arranjando um ramalhete,

Escrevendo mero bilhete,

“pra você, amor, é toda sua”...

Já vi o amor padecendo impotência,

Envergonhado por ser tão vil;

Dizer, eu tô podendo,

Quanto mais tá doendo,

Aí que me sinto viril...

Acho, amor é alcoólatra, dependente,

Que mesmo internado, não sara;

Veste a roupa do avesso,

Mistura fim e começo,

Desculpe, é que enchi a cara...