O AMOR
O amor é a única chama
que o tempo é incapaz de apagar.
Ao mesmo tempo é silêncio,
sim e não, cabeça e coração,
mar em fúria, brisa suave
beijo da manhã, adeus da noite.
Ele é o único sentimento que
o homem não consegue entender.
Por mais cruel que se pareça
explica-se a dor, a guerra, o ódio,
até a loucura é mais explicável; embora
só sendo louco para querer amar.
Ele te faz sentir fome e te alimenta,
te faz ter frio e te esquenta,
te faz renascer pelas mesmas mãos
que antes te mataram.
Ser e inexistir. Pensar e se abstrair.
Morrer, desejando a vida.
Viver, quando sabes que é o fim.
Onipresente que nos joga em um vazio.
Convidado que se espera com medo de chegar.
Relógio inerte marcando o tempo que voa...
Ele são todas as metáforas e metonímias,
sinônimos e antonímias, travessão e ponto final.
É aquele que nos rege a orquestra da vida,
a quem o poeta escreve e dedica.
O amor é simplesmente matéria nesta cama.
Sou eu e é você, quando a gente se ama.