Paixão Recolhida



Essa tua obssessão
Pela Filha das Ondas,
Essa tua perseguição
Aos maremotos
Que ela guarda,
A tua boca encolhida,
Sorriso de escárnio,
O dedo apontado,
É paixão recolhida!

Por isso, te afogas,
E te vicias
Nestas drogas!

Mas o mar,
Mas as ondas,
Imensas e frias...
Nada há que te salve
Da sereia arredia
Que não te vê,
Não te ama,
Pousando sempre
Em outras areias!

Ancoras a paixão,
Afogas a ti mesmo
Nessa tua estranha e triste
Missão!

O porto da sereia
É mais adiante,
E nesse barco,
Já existe um capitão!

Recolhe a tua paixão,
Antes que o sal te queime,
A ponta da língua!
Antes que morras,
Rendido,
De fome e de sede
Por teu anseio
Ao impossível!

Pois essa paixão
Que a ti mesmo negas,
Já te faz risível,
Pobre tritão
De coração perecível!


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 23/07/2012
Reeditado em 16/06/2020
Código do texto: T3792710
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