É TUDO

“É TUDO“

Ela é tão linda, maravilhosa

Gostosa, frondosa

Como a árvore que sacia minha fome

Como a sombra que alivia meu nome

E que tome sua juventude que me faz o tal

Lá na conquista,

Lá no desespero

Monge de um contraste de um ar certeiro

Sem a conduta que desempate

Ela é tão leiga

Como os cantos de dezembro

Ela é tão burlesca

Como se dormisse em setembro

Ela é tão renovada

Como as fogaças no outono

Ela num instante é tão fria

Quanto o inverno no tronco

Que torna a árvore pálida e esquisita

Sem a visita dos pássaros

Que apenas a convidam

Para a nova jornada dos casos

Jorrada pelos laços da malha que pica

Que molha minha boca só de pensamento

Que diga o que preciso achar

Para que venha consigo o direito de encurtar

O que não pára, que não faz um sumiço

Ela é a tara, é a cara da mentira

Que tira do triunvirato a primazia

Porquanto rediz o que devo relevar

Esquecendo de tudo que imaginei

Dei para planejar o encontro

Do moço tosco e do palhaço bobo de contentamento

Menta no gosto na boca de escarlate

Iate que bate em retirada

De dor atirada que ladre, que extirpada uiva,

Sem a noiva que ao mesmo tempo

É esposa e viúva

Que usa todo o meio

De desaperceber

Vivendo sós, se pode confortar,

Confirmar o borre,

O bode no sacrifício de si mesmo

O comprometimento com o suicídio

A existência do desconhecido

Que caminha tão pequena

Foram-se todos os princípios

A garra perdeu-se nas garras

Encharcadas de conformismo

Borrifadas, bolinadas no ilusionismo,

Nos tiros em crânios afundados

Chafurdados e furados

Pela implacável cobrança

Impagável é a boa transa

Travada na canga no meio fio

Que se enche e despenco com a imaginação

Intervenção da burca

Lavei a burra

Que me esconde da verdadeira surra

Em praça pública

Com pau, pedra e destrate,

Derradeira, ela é o atrase,

Do desastre,

De toda a minha pasmaceira

Panacéia

Há de ficar velha

E aí nem à vela

Fará o papel da tumba,

A estufa derreterá a magia

De sua figura

Com a mágica

De uma textura

Onde a língua se finda

No esquife de bronze,

Com a égide que nenhum homem

Terá a força de carregar

Ativa foi tropeiro

Onde os fracos sucumbem

Quando fortes se vêem

Após tantos trotes e deboches

Selou-se a epístola com cera e cobre

Rogue e não ore

Tope comigo e não me troque

Por mais ninguém

Vejo a criogenia

Que expulsa

A morte,

Que expurga

O bicho da ceda

Com a pérola,

Como a ovelha de corte,

Que iguala o alazão

Ao capacho que despacho

Em postes

Que exala o sangue

Que recupera

Que propõe ao caro lampejo se presentear

Vou tear mais um pedaço de lã

E processar tantos mais

Planos

A rã é uma iguaria cara

Rara quinquilharia

É a mobília que não se paga

Que rasga e rala o joelho

Aos de mente obscura

A mala aperta

É obtusa,

Usa tudo

Turva, aberta, comprime,

Extingue

A fala...

Do tempo retroativo

Regressivo,

Franzido,

Cozido,

Tradicional e convencional

Como o encontro com a resposta

Que se dá tudo bem

Meu sentimento beira

À paranóia instável

Ela apenas me dá motivo

E me motiva o ócio

De recompor os destroços

Como o fóssil que a paleontologia

Limpa livre do decompor da hemorragia

Havia um tempo

Em que tudo era possível

O que era inverossímil,

Era visível como a esfera

Que circundava os corações

Nos troncos talhados

Circuncisão na cisão dos membros

Suturados em suas próprias feridas

Minha barriga se torna fria,

Meu estômago queima

Incomunicáveis sentimentos

Restrições que se teima em manter

Ela é tudo posto que nada é

Não me consola,

Nem me dá um pé

Não me deporta

E nem se comporta

Em frente à escadaria da Sé

Cedo tudo é tudo não é

Ela é a grandeza da pequenez,

Vou entregar-lhe meu cão dinamarquês

O marquês e a marquesa

Somente se saciam em três

Tudo que cedo,

E o cedo é tão tarde!

Ela que é tudo

É o mudo

Que não ouve

É o sujo

Como o dejeto

À margem

É minha imagem,

Em luto.

Omar Gazaneu
Enviado por Omar Gazaneu em 22/07/2012
Código do texto: T3791395
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