A sustentável leveza dos Apaixonados

Na década de 90,parece-me,Milan Kundera causou furor com o romance "A Insustentável Leveza do Ser",na verdade,um livro de conteúdo simples,mas que levou o leitor ao mundo de um médico tcheco,perseguido politicamente,o que significa ter destituída sua carreira.Lava janelas e banheiros.Aliás,para mim, há uma parte antológica,passada em um banheiro.

O inusitado do poético título,realmente é um atrativo à parte.Numa pequeníssima homenagem ao autor(dele também, "Risíveis Amores"),fiz essa poesia,falando de leveza sustentável.Tentativa de provar que amantes se sustentam por si mesmos...Após escrever,lembrei dos casais flutuantes de Chagall e pedi à Paola Caumo(que tem um site maravilhoso e escreve aqui também) que ilustrasse com um das telas dele a página de meu site que essa talentosa webmaster fazia(geocities.yahoo.com.br/clevanedeasas/).

Eis os versos:

A Sustentável Leveza dos Apaixonados

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Apaixonados

não têm os pés no chão,

tais quais

os pares flutuando de Chagall

que interpretava:

essa leveza misteriosa

de plumas,

de anjos-pássaros

com invisíveis asas...

Apaixonados são avoados,

avoantes,

avoadores,

aribadores, arribaçãs.

Alimentam-se de prana

de mel e de maçãs...

A misteriosa

praga dos pecados originais,

lhes acena irresistivelmente.

e deixam-se levar

para descobrir,enfim,

que amar nunca é pecar

que jamais serão pecadores

e sim amantes-amados,

amados- amantes...

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