Nada mais

Não importa se a

amendoeira,

florida, suscite em mim

lembranças tardias.

O tempo cuidou

de amenizar tais

lembranças, ou torná-las

cinzas ao romper dos dias.

Nada mais interessa,

desde que partiste de mim.

Não quero essas velhas

recordações, ou mesmo

a imagem avermelhada

do céu, quando se põe o sol.

Tudo, afinal, me fragiliza,

dói e ainda sangra.

Teço, nos fios do poema,

um discurso dorido,

perdido entre as páginas

de um mesmo drama.

Tua fotografia, escondida

no livro, guarda resquícios

de outros sentimentos,

como se o mesmo tempo

traçasse outra escrita.

Torno-me silêncio

quando a noite cai e

deixa em minha alma a

penumbra do vazio.

Tua marca, em mim,

fez-se indelével como

um verso de Bandeira

que canta o amor

quase inacabado,

quando a estrela

da manhã adormece.

Em tudo o que

ainda sinto floresce

um pouco de ti

e nada mais.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 20/07/2012
Reeditado em 24/01/2013
Código do texto: T3788325
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