Missão suicida.

Quando dá vontade de escapulir de mim,

saltando de minha alma feito saci alucinado.

Quando dá vontade de inverter meus sonhos do avesso,

arrancando deles suas entranhas que tanto desconheço.

Quando dá vontade de destronar todo algoz que resistir em mim,

desnudando todas suas falas, engodos, artimanhas.

Quando dá vontade de ver somente os que meus olhos alforriam,

desmamando deles cada boca sedente que teimar em não despencar.

Quando dá vontade de desarmar cada filão de sangue que se disser vadio,

embalando nele cada folguedo bastardo que tiver tatuado em mim.

Quando dá vontade de recuar mesmo quando estiver a um palmo da vitória,

só pra mostrar pra mim mesmo que errei na afronta, errei na empreitada, errei na guinada, errei na cilada.

Quando dá vontade de, ao final de tudo, olhar pra trás só pra resgatar cada ida, cada fugida, cada missão suicida,

só pra entender que não passamos de cascalho mambembe, tosco e enfurnado pra sempre nas nossas próprias reflexões.

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