= Segredo não quebrado =
Queres saber quem eu sou?
Eu nunca sou,
Eu sempre estou.
Pergunte ao vento que sussurra,
Às estrelas, à lua,
Ao sol que descamba no horizonte,
A noite com seu negrume,
O gaitear da cachoeira,
O mistério das matas.
Pergunte ao contador de histórias da praça,
Até mesmo à pequena flor da beira do caminho.
Pergunte aos deuses e aos diabos.
Não me pergunte quem eu sou
Eu nunca sou,
Eu sempre estou
Às vezes sou manjar perfeito
Outras vezes, a migalha do prato caído
Sou o sorriso, as lágrimas
Sou o talvez.
Faço-me humilde,
Atrevido, iluminado, até mesmo discriminado.
Sou o cristalino das águas do lago
Que agregam segredos,
Sou o lodo, sou o alagado.
Não me pergunte quem eu sou
Eu nunca sou,
Eu sempre estou.
Antônio Tavares