Amor de perdição
AMOR DE PERDIÇÃO
Deixei o meu olhar vagar, na paisagem de teu corpo,
Deixei-o deslizar nas ondas negras de seus cabelos
E repousar sobre seus ombros, enquanto eu absorto,
Em teu olhar azul, buscava a concordância em tê-los.
Quando meus lábios qual abelhas a buscar o néctar,
Sugavam-lhe os sussurros, sensações extremas,
Prendiam-nos as almas, em nossos corpos quentes,
Em prantos de desejos entre um par de algemas.
Algemas de um amor incontrolável e puro,
Que sangra dentro d’alma, sem limite, espúrio,
Tal qual a vespa negra a passear, na espata,
Tentando proteger às flores do antúrio.
Tomada a sua face, de rosado intenso,
Entreabrindo os lábios num sorriso franco,
Não era necessário ouvir-te uma palavra,
Diante dos teus seios, fico inerte, estanco.
Percorro a paisagem de teu corpo, em ânsias,
Assim como alguém que, num barranco, rola,
Tentando segurar-se nas protuberâncias,
Fazendo uma lição que não se tem na escola.
Envolto por idéias, sensações, enfim,
Deixo-me ficar em suas pernas trêmulas,
Querendo de você o que tu quer de mim,
Seguindo as prescrições que não estão em bulas.
E quando relaxada, me convida a ver,
A paisagem interna de seu lindo ser,
Afundo-me em ti, no mais real prazer,
Ungido pelo amor, até me esvaecer.