Quando eu paro pra falar de amor...
Quando eu paro pra falar de amor,
Ou melhor, quando eu me disponho a escrever sobre o amor
Sinto minhas artérias poéticas latejarem.
Não que eu seja diferente, ou até seja mesmo.
Não me importo, porém com essa possível diferença,
Aliás, viva a diferença que por uma deferência
Faz de mim uma rara referência.
Os poetas estariam em decadência?
Com certeza, jamais em extinção, mas não tão comuns.
A correria, o estresse, a agitação...
Coisa não rara em alguns,
Mas na maioria da população,
Uma apropriação indébita de bens preciosos como a meditação.
Por isso, quando eu paro pra falar de amor
Não admito um momento banal,
Mas um êxtase sentimental
Onde desligar os fios da matéria é facto real;
Urge uma necessidade de se mergulhar no emocional.
Falar de amor...
É se permitir arrebatar,
Quiçá ser abduzido por algo desconhecido,
Porque por mais que tentem o amor jamais será um mero conhecido.
Seus mistérios, sem critérios
Trazem a cada um uma particularidade,
Uma inexplicável individualidade
Multifacial mas sem perder o essencial:
A essência do frescor de sensações
Que nos arremetem a recordações
Nostalgia, letargia,
Coisas que não se sentem a toda hora nem todo dia
Frenesi, sem hora marcada
Aqui ou ali, um parêntese numa frase não grafada.
Divagações, ebriedade do coração,
Morbidez, languidez.
Eu poderia, mas jamais conseguiria num único poema
Dizer tudo de uma só vez.
Fonte que emana, nunca seca, nunca esgota
Oração que se declama, disseca, música de múltiplas notas.
Quando eu paro pra falar de amor...
Eu não quero parar, mas um novo poema sempre haverá.