NOSSO QUERIDO AMOR
"O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse"
(Drummond)
Eu, que quisera outro dia teu sobrenome
Sou desprezado por não ter “coisas”
Que para mim são supérfluas
Mas prá você parece o tudo.
A tristeza na angustia me consome
Enquanto de risos vivi teu circo.
Apanho por medíocre tua alegria
Nem dá prá imaginar que estás feliz.
Daí é que eu descubro
Na irrelevância da minha dor – por ti
Que nesta história apenas um – eu
Amou de verdadeiro amor.
É lógico que o amor não passa...
Quer dizer, não passa de jeito algum
E não rir nas lágrimas que ficou
Lá naquele rosto que abandonou...
Mas, “é a vida!” A vida e as contradições
Que nos levam a descrer na “sorte”
Esta coisa que inventaram aos tolos.
Mas eu, descrente de tudo, e até de ti,
Confesso que acreditei, sinceramente,
Que fosse feito de eterno nosso querido amor.