A ROSA RUBRA DE CARMIM
A rosa rubra de carmim
Ali sozinha diante do espelho,
Ela abusava do carmim,
Ser outra vez rosa rubra,
No velho e triste jardim.
No carrossel ao vento,
Balançando contra o tempo
Ela girava, girava e sorria.
Era mulher, jovem, menina.
Brincava de se esconder
Corria dos revezes da vida
Silenciosa e escondida
Numa interminável viagem
Vivendo cada personagem
Como se fosse alada
Alcançando outras paragens
Transmutava-se até em fada
Pisando o duro chão do palco
Ela sentiu faltar-lhe algo
O calor forte do aplauso
O carinho doce do amor
E num sorriso triste de dor
Ela murchou como flor
Que cai ao solo
Queimada pelo forte calor
Caiu ao chão silenciosa
A plateia ficou curiosa
Aguardando em suspense
Sua volta gloriosa.
As cortinas não se abriram
Suas pétalas mortas
Encerradas nas pupilas mortas
E na boca tão torta
Não sentiam mais a brisa
De vida que tentava subir
E animar os gastos tecidos
De tudo que poderia ter sido.
Jazia com rosto tão infeliz
Vestida como meretriz
Que vendera todo o seu tempo
A dar prazer ao vento.
Num canto triste do jardim,
A morte espiava gloriosa,
A velha e morta atriz,
No seu último gesto, FIM!