festa junina

Meus melhores poemas foram pra rua,

E tocaram trombeta chamando per te;

Ofertaram em meu nome estrelas e lua,

Expuseram sem pudor minha alma nua,

E voltaram vencidos sem trazer você...

Foram só minha voz, nada co'a do povo,

O pleito sublime de um coração resoluto,

Como asas ainda comprimidas no ovo,

Árvore antiga viçosa, lançando renovo,

Chamando o broto ao tempo dos frutos...

Há quem inveje e muito essa tua sorte,

ser cortejada, assim, em prosa e verso;

Que veja o sopro suficientemente forte,

que a muito seria minha feliz consorte,

Se pedisse a ela, o mesmo que te peço...

Tudo bem, recapitulemos, alheia menina,

Com que águas a maré desse amor vaza;

Quero, pois, que sejas minha festa junina,

ao quentão, pipocando desejo, e por cima,

meio ébrio andar, sobre suas vivas brasas...

Seu fogo, sei, está aceso bem vi a fumaça,

Que a plebe se divirta muito à custa nossa,

pra eles seja embuste, arte, simples trapaça,

riam fartos, pois, sem notar o que se passa,

e levemos à sério esse “casamento na roça”...