Trêmulo Firmamento

Não se sintas presa a mim como a lua presa a terra

a gravidade que nos une é menor que o sofrimento?

as lágrimas noturnas e esse casto desalento?

Não se sintas presa a mim como as odes ao poeta

a elegia que nos une é menor que o sofrimento?

o descaso chamuscado e esse trêmulo firmamento?

Não se sintas presa a mim como o grave ao barítono

a balbúrdia que nos pune sobrepuja o riso tácito?

agora, os campos da Normandia; outrora, vale ermo e plácido

Não se sintas presa a mim como o místico as estrelas

a lucidez por nós forjada se austeriza aos pés de Shiva?

ou tão somente abrir os olhos esse amor ameniza?

Não se sintas presa a mim como aqueles jovens ao destino

história engarrafada posta ao mar e o fluxo das ondas levando-a até a margem

Encontra Francisca, que resgata a castigada folha e diz "Onde estão meus óculos?"

David Ribeiro
Enviado por David Ribeiro em 13/07/2012
Código do texto: T3776673
Classificação de conteúdo: seguro