A ESPERA DO ADEUS FINAL...
As horas se fazem longas
os dias se arrastam com lentidão
A lua a clarear as noites escuras
astros e estrelas brilham ao redor...
O mundo sorri!...
Glamurosa a cigana dança
em torno do fogo que aquece o corpo,
mas não consegue derreter o gelo d'alma,
nem calar a amargura do coração,
mesmo assim ela rodopia com maestria!...
Bela e impessoal
como se nada ao redor lhe dissesse algo
pois lá não está quem deseja ver...
São olhos de outros que a cobiçam
desejos de bocas que não lhe interessam
mãos estranhas que a aplaudem!...
Um público que trocaria por um apenas,
aquele que tem seu coração
para quem desejaria dançar
por quem seu corpo chama
quem sua boca deseja beijar...
O amor cigano que a deixou só,
desprezou seu amor, feriu seu coração,
fez da sua vida um sem cores nem luzes,
Amargando a dor da espera, vive
dias sem brilho!... Noites vazias...
A chama do desejo a lhe consumir
Companheira,
a dor que a fez indiferente ao mundo
dançando por dançar
vivendo de lembranças
sem alguém a quem possa amar
pois acorrentada está
ao único ser que a faria feliz
ao único a quem poderia se entregar
o único que amou e a quem deseja amar!...
Desprendida de si e do mundo,
vive por viver, sem nada almejar,
a espera do dia
em que os anjos a venham buscar...
Assim, ao mundo sua última arte irá mostrar
e nos braços da "liberdade" irá dançar,
Fiel ao amor que não a mereceu,
mas que foi seu universo acenará um adeus...
A mulher que amou como ninguém
e como ninguém sairá do palco dos amores!...
A cigana que viveu por viver
amou por amar!...
Dançando!... Rodopiando freneticamente
sorridente dirá o adeus final...
Nesse dia as saudades serão tuas
que não a soube amar...
Santo André
SP-BR