AMOR, POR QUE TARDAS TANTO?

Amor,

Por que tardas tanto?

Se a cama está pronta

E a mesa está posta

E a noite lubrificada de promessas e encantos

Nos convida a trocarmos carícias repletas de poesia.

Amor,

Por que tardas tanto?

Se o jasmineiro já derrama o rico aroma

Na infinita alameda das estrelas

E a própria juriti, tão pequenina,

Pelos ramos da goiaba se equilibra,

Deitando a voz febril do peito manso

Para excitar os róseos seios da lua melindrosa.

Amor,

Por que tardas tanto?

Se a tarde já boceja além das serras

E os anos me vergastam o rosto moço?

Por que guardas o licor da tua boca

Que um dia há de tornar-se insosso e morno

Como um bule de chá adormecido

Sobre uma mesa de ébano capenga e fria?

Vem, amor,

Vem decifrar a velha álgebra do coração

Que se abre em incógnitas eternas.

Enquanto espero teus volúveis caprichos,

Arde-me o peito feito um claustro em chamas

Certo de que meus dias fenecem céleres

Na ampulheta torta do tempo.

(Mas ainda que tardasses a vida toda,

Eu esperaria por ti.)

Amor,

Por que tardas tanto?

José Martino
Enviado por José Martino em 11/02/2007
Código do texto: T377538
Classificação de conteúdo: seguro