Há sintomático
Por vezes, busco o óbvio, lugar-comum por um elogio barato e transitório.
Mas que seja o dela
Diluo sentimentos e palavras numa espécie de esfregão interno
Faço das pausas o silêncio de um crematório
Há tempo que enterrei algumas palavras
Não raro, elas ressurgem como milagre, removem as pedras e sobem aos céus
Depois, descubro que ainda não fui liberto
No fundo, sou um grande órgão sexual em busca de um prazer pleno e infinito.
Quero saciar tantas vontades e silêncios
Será sonho, eu inquieto
Era uma flor que se fixava em arames farpados ao mesmo tempo em que sofria pela dor
Dúvidas entre o fui, sou ou era
Cansei de repetir que devo cuidar dos meus próprios espinhos.
Queria cultivar o erudito, mas acabei ficando tolo
Busquei escrever poesias mais profundas, mas cai no mesmo clichê, do calor e amor, paixão e ilusão, festa sem pão
Você e eu, não?
Sim, existe uma razão para esse desequilíbrio.
Será meus olhos diante de um mundo de guerra, de dor e sofrimento?
Não! Ela é uma parte do que ainda me falta
Quero minha liberdade de volta
Preciso deixar claro que somos corpos separados, mentes e braços
Quero voltar a ser meu dono, controlar meus pensamentos e desejos
Desde modo, poderei apontar seus erros, dizer que não é tão linda e que tem centenas de defeitos
Vou gritar: menina, você tem espelho?! Você não é a única com corpo de vaso, olhos brilhantes e tão vivos, você....
Enquanto esse dia não chega
Mantenho a caretice
Fiquei bom, ingênuo, cego
É você quem mais me cega
Bobo
Tapa os meus olhos com seus ouvidos
Sabe que eu jamais gritaria com você
O problema foi deixar que você se tornasse coisa incomum
Rara e perfeita
Como se não houvesse outros peitos
O contorno do seu corpo me deixa ainda mais perdido
Nunca fica feia, nunca
Mesmo que vire bruxa
Você é linda! Eternamente linda!
Princesa!
Desgraçadamente bela!
Maravilhosa, ela, cela.
Enquanto a cura não vem
É parte do tratamento dizer
Eu te amo
Você é a causa de planos
Que só eu sei...