Como dói...
Não poder dizer: “Eu te amo”
Não poder falar tudo que penso
Não poder ouvir sua voz ao pé do meu ouvido, balbuciando bobagens, murmurando desejos
Não poder tocar em sua linda face
Não poder sentir a firmeza do seu corpo
Não poder olhar dentro, o mais profundo dos seus olhos
Não poder sentir o gosto do seu beijo
Não poder dizer: “Adeus”
O silêncio traduz em palavras a expressão da íntima dor causada pela solitude e deixa transparecer sem esforço, espontaneamente, lágrimas que revelam involuntariamente meu estado de espírito catastrófico, quando me permito depender do seu amor pra viver.
Como dói:
Reprimir essa dor
Repressão, opressão ou nudez de discurso?
Deixei-me emudecer por opção? Ou as pressões dos conceitos sociais, os dogmas, os fundamentos da verdade determinados por homens como eu e você , o “ideal” no pensamento cultural, a idealização da perfeição dos estados humanos, calaram meus sentimentos?
Embora isso machuque, a cada dia te recrio só pro meu prazer.
Afinal, a vida é muito curta para nos arrepender do que não fizemos. Então prefiro correr riscos, arriscar, mesmo que isso venha a nos machucar.
Vida injusta feita por injustos, cheia de defeitos, exige de nós a perfeição, com a mácula cultural da corrupção no estado de ser, e nos exige honestidade à toda prova, à todo custo. Vida ingrata, injusta. Terra que faz seus filhos servos de uma paixão, terra da emoção.
Vivemos o que os outros querem que nós vivamos.
Sentimos o que os outros querem que nos sintamos.
Coração censurado, e militarmente frio. Obrigado a aprender a viver sob tensões, na frieza irracional de uma cultura exterior. Coração sem liberdade de seguir seus próprios caminhos, escolher suas próprias curvas, escritas aleatoriamente pelo destino, como uma valsa de momentos, uma dança de ações, uma gama de oportunidades. Tudo. Tudo se aproveita para construção da história de vida pessoal, na formação de um futuro democrático com erros, porém aprendizados próprios justificados pela lógica sequencial dos fatos errôneos.
Estamos presos, enclausurados, encarcerados por pré-conceitos, estereótipos.
Porém, eu até entendo essa preocupação. A preocupação de terceiros por minimizar esses efeitos, esses erros, minimizar a mácula, as dores, os ferimentos, os calos gerados pela difícil caminhada. Eles nos ensinam a viver melhor, a sofrer menos. Tudo tem sua consequência. Aprender a viver sozinho é um dos privilégios que se têm quando temos liberdade. Caminhos mais curtos e menos exaustivos quando somos submetidos a regras.