CARTA DE AMOR

Percorra as linhas retas

Vá, oh tinta

És cega siga a linha, não tem seta

Escreva a mensagem, mas não minta

Diz que no caminho da revolta

Há uma velha e frágil ponte

E que de vez por todas não tem volta

Se pelo peso de uma dor ela desmonte

Diga que quando se tem a alma pura

De amor não se padece em sofrimento

Para toda dor de amor se acha cura

E que toda fuga só traz tormento

Diz também que tenho pressa

Em entender se é mesmo dor ou medo

Os sentimentos que não me confessa

E que mantém guardado em segredo

Diz, por fim, bondosa tinta

Que por ora me despeço

Com a alma aflita e faminta

De amor, que humildemente peço