MÁSCARA DE CINZAS

Á dor que me consome, a Ti pela minha nova forma de escrita, ao Amor que nada quer de mim

MÁSCARA DE CINZAS

Encontro sempre a minha cara envolto nela, cada vez que chora o meu coração

Levantar-me é o que me resta, levantar-me é a improvável solução

De tentar solucionar feridas que tu me causaste

Nessa coisa estranha de estares sempre a recusar-me

Porque me sinto fraco, espetaram-me uma lança lírica bem no meu peito

Estou cego de dor, e arrisco-me a levar tudo a eito

O amor recusado, uma amizade que quero infinita

Que dissolvo bem no meio do que sou, em plena tormenta das minhas fitas

Que faço, pela dilacerante incapacidade em te ver ou em te contactar

Restam-me pois as fotos onde te possa recordar

E grito e choro em silêncio, tudo ao mesmo tempo

Na surdina de um inaudível lamento

Porque te amo, sou incapaz de tal apagar

O fogo está mortiço, mas ainda é capaz de me incendiar

Em ondas caloríferas que parecem eternas

O sol é a terra e a terra é o sol, lágrimas negras que solto, por ti, pessoa terna

Em carinhos inúteis, agora sei que o foram, embora não me possa lamentar

Porque o que te dei e dou, é tudo aquilo que tenho para te dar

E talvez seja por isso que procuro outras caras indistintas na multidão

À espera que aceitem o que me move, toda a minha paixão

E olho para uma cama vazia, onde muito poderia acontecer

Na impotência dolorosa de nada já haver por fazer

E olho também para os belos campos onde um dia pensei florir o amor

São campos cheios de cinzas, são campos perenes de dor

Que não desaparece, que apenas esmorece

Por muito que o faça, esta coisa lancinante que me magoa, não desaparece

E logo eu…Logo eu que tenho tanta coisa, tantos mundos para partilhar

Arca vazia de sonhos e poesias, que sinto não ter a ninguém que dar

Mas por estranho que pareça, eu continuo aqui no meu Palácio de Gelo

À espera de em Jardins Encantados o possa transformar, num suave enlevo

Onde os meus soldados quero que sejam fadas que a ti, ou a alguém possam agradar

Nesta estranha dicotomia maniqueísta que me está sempre a transformar

Num poeta descalço de sonhos que os espalha à sua volta, por nada mais me restar

Esperando que quando se aproximarem de mim, tenham o cuidado de não os calcar

Porque os Sonhos…Os sonhos são tudo o que me resta nessa estrada que leva ao infinito

Que se estende em plena planície da imensidão

Onde eu estou e armei a minha mansão

O tal Palácio vazio de companhia,

A não ser a deste pobre inquilino

Que dissemina nela toda a sua portentosa magia

De viver, pela simples rotina de o fazer

De amar

Por nada em mim agora restar

Coloco então essa Máscara de Cinzas

Que é feita do que de mim restou

Em auroras invernais

Que se transformaram em infernais

Pela demente incapacidade em eu não conseguir correctamente comunicar

Mar de afectos dados, ou por entregar

Que esbarram no forte do coração a quem me entreguei

Palavras não escritas, não assumida lei

Num corpo que descuido pela minha incapacidade da vida perceber

Deixando a barba dias a crescer

E ter um certo ar de intelectual descuidado que anda de algo à procura

Quando o que busco de facto é uma infinita e não encontrada ternura

E eu nada agora compreendo

Estou no limbo da razão

Escrevo para ocupar o meu tempo

Para tentar acalmar o meu coração

Despido de tudo, exposto ao ridículo de quem me queira conhecer

E ver de que forma são formadas a minha paleta de sentires a cor das minhas tintas

Nunca verão de facto o meu rosto

Porque para não sofrer mais coloquei sobre ele uma Máscara de Cinzas