Inquietude...

e o que há contigo

que não deixa-me dormir

e que circunda-me

os pensamentos

os sonhos já tão escassos

e traz-me a fome

que não sinto há tanto?!

essa fome voraz

de comer-me a mim mesma

destruir-me, quem sabe

para que não lembre eu

de nada que venha de ti...

e passaria tola eu

a comer estrelas

e refaria os sonhos todos

imperfeitos de nós

e guardaria assim

a nossa cama quente

que atravessa o "ato"

e chega ao osso da alma

e faz-me chorar

e sem querer ser pudica - nunca

de amores... de amores...

do que não pode ser

do que é absurdamente

insano de mim...

e trivial do teu cinismo.

estás a acender velas

e velas, então, o retrato da morta

morta eu a ti.

esquece-me...

deixa-me repousar...

deixa-me sentir o perfume da paz

no vento rápido que fica

quando ela apenas passa por mim.

quero ser terna

não mais a ti.

deixa-me ser terna - quieta.

apagas tu as tuas velas todas!

ou joga-te nelas...

e incendeias tu, inferno meu!

Karla Mello

02 de Julho de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 02/07/2012
Reeditado em 06/10/2017
Código do texto: T3756505
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