Hoje não, amanhã talvez
O sorriso morre lentamente
em meus lábios ressecados
pela visão amarga
do que vi e vejo,
do que senti e sinto,
do que li e leio,
do que tive e tenho,
do que disse e digo,
do que fiz e faço,
do que sonhei e sonho,
do que procurei e procuro,
do que cantei e canto,
do que pensei e penso...
O sorriso morre!
Nada existe
entre o passado e o presente
que se traduza em algo diferente.
Então,
quando me perco nas ações verbais
nos momentos em que me cobro,
alarga-me o sorriso na face,
umidecido pelo resto das lágrimas teimosas
que ensaiam um adeus
ao perceberem que,
apesar de tudo,
existe um "eu" ligeiramnete calado,
uma flor exalando o perfume especial
próprio de quem viveu
todos os momentos,
de quem esgotou todos os argumentos,
como existe um "hoje" resultante,
ainda confiante
no depois.