PRECE DA SOLIDÃO
Dentro e fora de si
Se fôra de mim
Sem sequer decifrar-me
Como se rifa
Uma mercadoria
Assim me sinto
Rifado riscado
De seu caderno
Cheirando a absinto
Mas o céu
Mesmo sem estrelas
Não dorme no brilho retinto
De continuar sua sina
Que matutina se descortina
Para que o sol dissipe
A neblina nebulosa
Que nos consome
Dilatada gasosa nos astros
Se perde na noite sem rastros
Feito lama gulosa
Dentro e fora de si
Me desarvora esvoaça-se
Isola-se e exila-me
Lambendo o fio da desgraça
Se trancou no silencio das horas
Que faz tudo na vida passar
Ainda bem que existe
Vida e novas paisagens
Adiante a ademais passageiros
Dos devaneios visitantes
E que as visagens flutuantes
Dos sombrios instantes
Como nuvens passageiras
Fiquem pra trás...