Até de costas

Até de costas

minha rosa te ofereço.

Que mais posso dar-te

senão meu apreço?

Não posso ser-te

nem te ofertar

o que de mim já roubaram.

Não posso ouvir-te.

Perdoa-me, então,

pois um beijo de amor maior

selou minha audição.

Também não quero ver-te entristecido

porque jamais serás

nos meus versos esquecido.

És como és

e eu, como sou.

Apaixonados literalmente insolentes.

Adormeces quando amanheço

e o teu despertar desconheço..

Quando dos meus olhos

a lágrima rola

não és tu quem me consola.

Quando mil venturas quero repartir

não te tenho para me ouvir.

Quando lábios quero para beijar

outros estão no teu lugar.

Quando necessito de um peito amigo

não te encontro para abrigo.

Se saio para namorar

outros braços estão a me esperar.

Se quero dançar, então,

nunca te encontro no mesmo salão.

Tristeza, decepção?

Não.

Apenas somos

caminhos na contramão.

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 25/07/2005
Código do texto: T37484