EU PODERIA AMAR A MULHER

meu esqueleto é uma motocicleta rangedora

não caibo nos mapas bem cantados pela eletrônica

avançar é puro desgoverno

neste tempo das ilhas servirem ao turista

eu poderia amar a mulher poderia

mas o que é podre e pobre impede

que haja amor entre dois

eu conheço a cidade em todas cidades

sei aonde encontro o proibido e o facínora

o que importa o ouro e a aurora

vivo aonde o metal nada voga

deixei a índole de poeta no quarto despejado

porque sonharia a linguagem sublime

se o que impera é o violão medíocre?

vindo a manhã após o lento desregrar do verdadeiro ser

pelo sonho esquecido, visto o rosto do vigarista

e ganho a estrada enquanto o sol nasce

para emocionar idiotas na infantilidade marginal das confissões