Diante de tua ausência
Não me dobro mais diante
de tua ausência.
O tempo cuidou de levar para
debaixo do velho tapete
as tuas lembranças.
Afinal, cinzas.
Vou tecendo nas linhas
do cotidiano um outro
discurso, procurando reconstruir
a imagem do amor
que outrora fragmentou-se.
E tudo é silêncio.
Em mim ainda há
resquícios daquele
amor, mas sei que o tempo
vai curar as feridas,
costurar o tecido,
secar as lágrimas.
Ficam alguns versos
onde a saudade constrói seu
ninho, mas aos poucos
o poema vai se perdendo nos
caminhos do vento.
Diante de tua ausência
recolho os sentimentos
e procuro, na lembrança
de agora, ter a certeza
de que é apenas uma
recaída de breve momento.