Palavras 0734 - Piedade, loucuras de amor
Não tenho piedade de ti, não me permitirei,
cruze tuas mãos, apague a luz ao sair,
o infinito brilha até se perder n'alma,
ninguém precisa do teu céu, ele não existe!
Os solitários estão enfermos de um nascer,
as ninfas, os homens, todos nus voam ao redor,
a presença das lembranças não te deixa ver o sol,
és naufrago de teus mandos e de tuas vontades.
Não, não tenha piedade das princesas, dos reis,
feche a última janela do teu quarto de fazer amor,
abra o corpo e limpe-o com o suor doutra amante,
sem pausa, chore se quiser, sorria e voe livre.
Lembra-te aquele passado que fita tua alma nua,
senhora das trevas que tu inventavas o inferno,
aquele que descalço corria teu corpo de cima abaixo,
como se fosse rua, e vós, o amor a dizer-me não.
Não, não tenha piedade de minh'alma, ela vive,
indiferente as tuas vontades, sorri amor e vive,
corre um corpo somente, goza paixão e vive,
esqueci de vós, a débil indigna de viver e vive.
25/06/2012