TU ÉS A MINHA MORADA
Os teus cabelos são tão macios!
Parece que pouso os lábios em pluma rasgada;
O meu amor é um límpido rio
Que desagua em teus braços: a minha morada.
Tu és ave que consome o horizonte
Assim, tão livre e inebriante,
Entorpeces a relva, curas as flores pisadas
E quanto a mim, qualquer dor deste mundo
Curo em teus braços: a minha morada.
És um sopro leve a embalar as vagas,
Que tão logo rebentam na praia, como velhas mágoas;
Vejo-te e ensandeço a tua procura!
Mas perco-te, perco-me, na imensa madrugada.
Aguardo, até que os finos toques da alvorada
Alimentem meu espírito e, dando-me força,
Já morrendo de saudades,
Correrei para os teus braços: a minha morada.