A mulher que eu desejo

Oh! Mulher que eu desejo, tu és :

Bela, angelical, perversa

Sutil, apavorante, lasciva, funesta

Anjo caído de morbidez iluminada,

Entorpecente embriaguez acentuada

És olhar penetrante, brilhante

Provocante causa de tremores internos

Nunca encontro terna donzela

Entre taças e livros pelos quais me elevo

Não recebes elogios gratuitamente

Intimidas o esboço de um sorriso carente

Alma cavalheira, mal acostumada

Paga o preço com garganta amarga

Chora um pouco para sentir salgado

Um leve beijo de paixão desesperada

E no turbilhão de carícias ferventes

Esfria a carne em nua realidade

Sonha a vida sem companhia

Até que algum lhe agrida o ego

Esfacelada alma, sem dono, sem teto

Oh! Seio de ânsia mal tratada

Agora escolho a solidão latente

Antes mesmo da aurora, descrente

Transcrevo à lápide alva e branca:

A mulher que eu desejo não é humana.

“Os amantes passam, só quem ama o próprio amor se torna eterno” * .

*Platão.

Rodrigo Starling
Enviado por Rodrigo Starling em 25/07/2005
Código do texto: T37414