A alma do outro mundo

Como os Anjos de ruivo olhar,

À tua alcova hei de voltar

E junto a ti, silente vulto,

Deslizarei na sombra oculto;

Dar-te-ei na pele escura e nua

Beijos mais frios que a lua

E qual serpente em náusea fossa

Te afagarei o quanto possa.

Ao despontar o dia incerto,

O meu lugar verás deserto,

E em tudo o frio há de se pôr.

Como os demais pela virtude,

Em tua vida e juventude

Quero reinar pelo pavor.

Charles Baudelaire

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 24/06/2012
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