Vem Comigo

Vem comigo

onde moro não tem rua

tudo é campo, mar, areia .

Nas auroras violetas

eu transito pela orla

e apascento os unicórnios

com amoras e melões.

Vem comigo

onde moro a realidade

não transgride a poesia

e a gente veste a pele

pra sentir o sal na língua,

para se cobrir de lua

no balé da maré cheia.

Eu te espero

desde antes dos meus olhos te encontrarem

quando os duendes, sobre as dunas, eram seres invisíveis

e eu ainda não havia percebido os unicórnios

na translúcida passagem da magia ao poema

Eu te espero

desde sempre de depois que me em encantei

quando vi que a vidraça, gotejada de cristal,

também tinha utilidade de tear nas tardes mornas

pra tecer o pôr-do-sol com os fios do arco-íris.

Vem comigo

que eu tenho um quintal embandeirado

de gerânios e hibiscos

onde exilo as borboletas nas manhãs de maresia.

Eu te espero

no horizonte, entre o mar e as montanhas,

com a harpa do alfabeto inquieta de acordes,

uma Chave, e um Castiçal, e uma Rosa, e uma Maçã.