TUDO PASSA, SÓ O AMOR...

Abri os olhos
e percebi que a dor passa,
Como passam tantas coisas:
O presente, pela fresta dos dedos,
Vira passado saudoso,
Ou soluço rancoroso;
A ira, intempestiva e por vezes fatal
Torna-se arrependimento,
Entornando, goela abaixo,
O amargo do lamento
O desejo, lascivo e incandescente
Ao final da fogueira ardente
Pode virar morna ternura,
Ou findar em cinzas de repulsa e culpa;
Tantas coisas passam,
Vem e voltam, desaparecem,
Reaparecem;
Só o amor não passa, não;
Ele se transmuta,
se divide e se transforma,
em mais amor, outro amor
o mesmo amor,
mais forte, mais sereno,
mais brasil, mais cálido,
ou torrente
como um caleidoscópio,
ele divide nossa luz,
nossos olhos
pra diversas direções
até então
inimagináveis.


 
Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 22/06/2012
Código do texto: T3737715
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