Mãe, como eu te entendo!...
Minha mãe cantava como eu canto agora...
Que saudade longa em tão sentidas horas
Em que me bate a preocupação...
Filhos adultos, mas “minhas crianças”,
Não importa o tempo que se passe! Embora
Eu saiba bem que não posso fazer
Voltarem: ser pequenos!... No útero caber,
Preservá-los sempre de todo e qualquer mal
E, em lugar deles, eu sofrer...
Minha mãe cantava como eu canto agora...
Lágrimas, quais pérolas, cingiam-lhe o rosto...
- E nós não entendíamos o sofrer assim!...-
Mãe, tu sofrias tanto como eu! Por mim...
Mãe! Que heroína foste!...
Tolda-me o olhar a lágrima sentida
Mistura-se a saudade de ti, ó mãe querida,
Com a saudade dos “meus meninos” grandes...
Ah! Mãe!... Dá-me a tua força
Aí de onde estás, rodeada pelos Anjos,
Certamente a cantar...
E canta para mim velhas cantigas,
Cantos de amor, cantos de ninar!...
Quero em teu regaço dormir! Teu colo quente,
E teu perfume adocicado outra vez sentir,
Sentir teus braços envolvendo os meus
E sentir-me segura, novamente!...
...Ouço o teu canto nestas horas mortas
Em que a saudade me abre tantas portas
E possibilidades me soluçam mil!...
Ainda bem que um dia, eu sei, ‘starei contigo,
E tal qual tu, eu peço ao Deus-Menino,
Que, como Anjo, possa ternamente
Cuidar dos “meninos” que gerei... E tu
Os cuidarás comigo!
- Como sempre o fizeste
E ainda o fazes agora!...