Vento

Lembrei-me de ti esta noite, no exato instante em que, para minha surpresa, um vento frio ultrapassa minha janela e vem de encontro à minha face sobre ela recostada. Traz-me um doce aroma, uma suave essência, um fino cheiro. O seu cheiro. Instantaneamente a doce fragrância me remete a uma doce lembrança. Uma forte lembrança. Tão forte que uma lágrima escapa e umedece minha face, por sentir você naquele instante tão vivo ao meu lado. E ao abrir os olhos, percebo que não estás. Suspiro levemente e espero que esse suspiro chegue até sua face, onde você estiver, em forma de brisa. Levando meu cheiro que te remeta à lembranças e queiras a minha presença ao teu lado. Vento que me sacode por dentro e por fora, e me faz pairar sobre sua leveza e planar sobre sua inquietude, ousadia, impetuosidade, força e altivez. Ah! Quem dera não estar sonhando! Que essa brisa leve de mim este anseio de ter você aqui e faça surgir o mesmo desejo em você de me ter ao seu lado. Assim, nossas almas poderão se encontrar onde estivermos. Para que o desejo da brisa se materialize, se humanize para concretizarmos o desejo triplo de sermos eu, você, nós! Para que os meus beijos e os seus beijos transformem-se em beijo. Para que minha boca e sua boca transformem-se em boca apenas! E a minha pele e a sua pele transformem-se em pele!

Karen de Araújo
Enviado por Karen de Araújo em 20/06/2012
Reeditado em 04/07/2012
Código do texto: T3735591
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