AO TELEFONE

AO TELEFONE

É por certo muito fácil, Pois de longe

Não posso ver-te os olhos. Nem sentir-te o seio;

O tremor das mãos; Falas como a um estranho,

Como posso crer-te então?

Se queres mesmo que acredite,

Fala com o coração! Com a dor a encantar-te a fala;

E um soluço, a emudecer-te de tanto pesar

Fazendo ainda que breve escala.

Fala em soluços!

Pois de outro modo não creria.

Nesta que um dia a bradar disse:

Te amo!

Minha vida Segue hoje abalada, não sabendo

Sequer cantar, vida triste, atormentada...

E canto algum me interessa, que deste amor

Ao vento impeça.

Sim, ao vento! Vento...

Que de improviso te apanhe!

Que a saudade te agonize de paixão!

E não me peça para secar-te o pranto!...

Irei sim, autenticá-lo!

E se não for sincero,

Desilusão;

Que nem me convide, espero.

Wellington José de Lima