CORDEL DO TAL AMOR II

To aqui outra vez

Pra falar do tal amor

Só em pensá no danado

Já me sobe um calo

Sorrateiro e astuto

Chega quando não se espera

De um só bote certeiro

Vai ao chão quem ele acerta

Faz minina num querê

Brincá mais com a buneca

Como um butão de flô

Quando abre suas pétla

O minino já não corre

Pela rua atrás da bola

Se arruma se perfuma

Veste bem e usa até bota

O amor as vezes è

Pré-cursor de muita glória

È como antes do sol

Precede sua irmã Aurora

Mas também depois do amor,

Pode vir muito tormento

Doze trabalhos árduos

Muita guerra e sofrimento

Conta a história muito antiga

Um amor incondicional

Que morreu toda uma guerra

Com cavalo até de pau

Foi por causa da Helena

Que isso tudo aconteceu

Dois homens e uma guerra

Muito se assucedeu

No sertão do meu Brasil

Amor assim também se viu

Lampião e Maria Bonita

Sentiu esse calafrio

Ele Homem muito macho

Temido na redondeza

Ela menina fasseira

Dona de muita beleza

Dizem que Lampião

Até o diabo arrepiava

Mas no seu coração valente

Era Maria quem mandava

Chica da Silva também

Conquistou o Comendador

Que com muitos diamante

A nêga presenteou

Alexandre conhecido

Como grande conquistador

Quando conheceu Roxana

Se rendeu ao tal amor

É melhor dele fugir

Enquanto ainda há tempo

Depois que em sua rede cair

Ó meu Deus! È só tormento.

Vira pra lá e pra cá

Não se consegue escapar

O amor quando nos pega

Só larga após matar

Vou terminá esse segundo causo

Talvez haja um terceiro

E se achar esse tal amor

Reze para ser verdadeiro

(Leandro Souza)

p.s. “Os erros foram postos propositalmente junto com os acertos e palavras e termos talvez ‘formais’ para alguns, para que haja uma linha paradoxal entre o popular do cordel e o erudito das poesias clássicas. Por que? Para que possamos refletir sobre vários tipos de preconceitos, principalmente, nesse caso, o lingüístico.”

LEANDRO SOUZA II
Enviado por LEANDRO SOUZA II em 19/06/2012
Código do texto: T3733399