QUANDO É AMOR.
Dúvidas? Não pode havê-las quando se quer viver.
Certezas? Não há quando se começa a caminhar.
A cada passo múltiplas possibilidades,
infinitos caminhos,
poucas indicações,
perder-se é inevitável,
encontrar-se necessário.
Passos dados.
Caminhos percorridos.
Nenhuma intelecção do que poderia ter vivido.
Sentimentos incertos,
racionalidade operando
do alto onde se encontra,
de lá tudo comandando.
Cá mais embaixo
sentimentos certos
discursos embaralhados,
pensamentos dispersos.
Cá embaixo
não é redenção, submissão.
É revolta inicial.
Ele que se envaidece de tudo poder conhecer,
vê sua estrutura estremecer
nas possibilidades dos caminhos a percorrer.
É quando percebe que nada comanda.
É quando olha para baixo,
por dentro,
vê assim surgir
com a força delicada da semente que germina
abrindo caminho,
rompendo o chão, brotando...
Vendo-se em passos firmes,
pelos caminhos desbravados
e os que vão surgindo,
ainda que com desvios
seguindo obstinadamente como quem toma impulso
redesenhando os percursos.
Quando se depara com o abismo
não há dúvidas atira-se do alto,
semblante feliz, pois agora nada pensa, pouco deseja,
o que faz é sentir, pois agora já não é o que fora
é ser leve e entregue que abre suas asas, plaina e voa.