Diz, traístes?
Pra lá de pasárgada, pra onde voaste
Passarinha; Amiguinha do rei;
Quem te ouve me diz:
Não falas dos meus olhos estendidos
Como tapetes vermelhos
Pela estrada em que foste.
Nem da enxurrada que não vem da chuva;
Como um eterno lamento de viúva;
Não sondas os meus passos falcetados
De tanto não saber para onde ir.
Tampouco pensas em minha boca trêmula
Como a de uma soprano
Sem, contudo, nada cantar;
Ouviste, por acaso, o silêncio
Do meu pensamento que te grita?
Por que... Por que foste tão linda
Como uma criança que brinca
Distraída e, por alguma coisa, atraída,
Distraíste para sempre, por toda vida?