ONDE PODEREI ME ACHAR?
Eu fui me procurar dentre as andanças desenhadas pelo meu querer
Para localizar meu ser naquilo que pensei ser minha luz essencial
Andei em direção proposital quando subi nas rotas projetadas para descer
E quis precisamente ali me ter, tal como a chuva anseia por seu temporal!
Busquei-me nas feições enganadoras a surgir no espelho refletor
Mas vi que aquele ali não sou - que algo meu se acha muito aquém
Porque me vendo vejo ninguém e me encontrando noto que em nada estou
Como singelo vento que passou, como o aroma próximo que não vem!
E os fragmentos reunidos ironicamente também não me consolidaram
Meus indícios não me mostraram e só as minhas idas me trouxeram
Para dizer que fui o que meus passos eram, para dizer que nem sequer tentaram
Exatamente porque me acharam nas tantas vindas que jamais vieram!
Porque supor não passa de premissa, porque querer não passa de viagem
Eu sou apenas a miragem que anoitece em pleno amanhecer
Que humanos meios não conseguem ver, por mais que haja imagem
Pois moro na mais linda paisagem, que só o amor consegue perceber!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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