O Baterista
Na rua da loja amarela “Venderam a casa do barulho
Havia um baterista. já não era sem tempo!”
Todo dia eu ia até a janela Cada palavra dita com orgulho.
Vê-lo tocar no meio da pista. Meu coração parou num momento.
Pessoas xingavam As lágrimas rasgavam-me a face.
E nada se ouvia E a mulher rindo sem parar.
Além do som Era como se ali eu não pensasse.
Que as baquetas faziam. Ou me visse em outro lugar.
Apesar da ausência Fui embora inconsolável.
De notas musicais Com saudade de ouvir
Eu tinha paciência meu baterista incansável
E não reclamava mais. Que sem saber me fazia sorrir.
Pois a pessoa que tocava Passados alguns anos
Também tinha um coração. Eu ainda com saudade
E o som que proporcionava De repente ouvi aquele som
Transbordava emoção. Pulei de felicidade!
Um dia fui contemplar Corri até a janela
Como sempre o fazia, E um moço ali sorria
Mas a escuridão veio avisar: Ao lado a bateria mais bela
A casa estava vazia. Que um dia eu já vira.
Onde está meu baterista? E me olhando ele tocou
A dor me surpreendeu. E eu pude lhe sentir
Desci pra perguntar à vizinha Então parou e um cartaz levantou
E bem feliz ela respondeu: “Voltei pra te ver sorrir”