= Embarcando em sonhos =
O sol bateu à minha janela.
O vento, como bom anfitrião,
A cortina abriu.
Seus raios esparramaram-se pelo chão.
Subiu em minha cama,
Convidando-me à vida.
Recostei-me na cabeceira do catre.
O linho branco envolvia meu corpo nu.
Senti-me só.
Meus olhos se embarcaram
Na locomotiva dos sonhos.
Coração e alma desprenderam de meu corpo
Juntos aos olhos,
Numa viagem encantada.
Boa noite! Posso me sentar?
Obrigado, está só?
Viestes neste trem ou já estava a me espera?
O que quer tomar?
Não me diga que servem aqui:
Taças de amor à primeira vista?
Pedirei ao garçom um buquê de copos-de-leite,
Quero enfeitar o nosso dia.
Permita-me esta dança?
Maestro, por favor, uma valsa de Strauss.
Gosta de poesias?
Quem sou eu?
Sou o tudo em pedaços,
Sem corpo, sou alma, olhos e coração
Sou o sonho que o sol enviou...
Quer um beijo?
Terá todos até a triste partida.
Quando voltarei?
Todas as vezes
que a saudade for sonhada.
Tonho Tavares