Destino

Quem disse à estrela o caminho

Que ela há-de seguir no céu?

A fabricar o seu ninho

Como é que a ave aprendeu?

Quem diz à planta: Florece!

E ao mudo verme que tece

Sua mortalha de seda

Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha

Que no prado anda a zumbir

Se à flor branca ou à vermelha

O seu mel há-de ir pedir?

Que eras tu meu ser, querida,

Teus olhos a minha vida,

Teu amor todo o meu bem...

Ai!, não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,

Como no céu gira a estrela,

Como a todo o ente o seu fado

Por instinto se revela,

Eu no teu seio divino.

Vim cumprir o meu destino...

Vim, que em ti só sei viver,

Só por ti posso morrer.

Almeida Garrett
Enviado por Carlos D Martins em 11/06/2012
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