Coração Inconstante

Coração inconstante, a quem a charneca edifica a cidade

no meio das velas e das horas,

tu sobes

com os choupos até aos lagos:

aí talha a flauta, de noite,

o amigo do seu silêncio

e mostra-o às águas.

Na margem

vagueia embuçado o pensamento e escuta:

pois nada

surge com a sua própria forma,

e a palavra, que brilha sobre ti,

crê no escaravelho dentro do feto.

Paul Celan, in "Papoila e Memória"

Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 09/06/2012
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