Do sonho
Ó desesperada criatura
ama-me no seio da noite e depois abandona-me
abandona-me assim
sem mais porquês...
desce embriagada o véu
da tua mágoa
e pulsa
gigante enternecido
entre meus seios
e cego,
se lança
se lança
e fica a teimar dançando
a dança lenta das horas
e insandece, ó doce
ó mais amada...
derrama o gosto acre do teu prazer em minha boca
e se vai...
se vai
como água da chuva que se vai terra adentro
como o rio que incessante desce para o mar
como a noite que se vai
se vai a cada amanhecer...
mas por que te vais
se nunca vieste
se nunca vieste, amor
nunca vieste...