Meu avô.
Às vezes digo coisas que já foram ditas, num livro talvez...
São ecos de uma personalidade que não mais existe,
Um poeta extinto, um pintor esquecido,
Descubro velhas anotações,
Não são minhas, nem de meu pai,
São de meu avô...
Uma doce herança,
Descubro uma poética veia,
Palavras doces em português errado,
Vindas de um descendente europeu,
Uma antiga família nobre diz os parentes mais prepotentes,
Temos um brasão diz meu tio...
Finjo acreditar nessa nobreza distante,
Procuro não me afetar...
No fundo a coisa mais bela dessa família,
São versos em português errado,
De um grande homem, que definha entrevado em seu próprio desconsolo,
Sinto-me culpado por não ter mais com ele,
Quando era criança adorava seu colo,
Passávamos horas jogando “dama” e dizendo besteiras,
Jogando futebol com meu avô,
O Parkinson me assusta, ver um de meus heróis em tal estado,
Deixa-me frágil e triste,
Vez por outra tento conversa um pouco...
E sempre bem humorado ele me diz coisas com o olhar,
Meu avô não esta mais “tão” presente em minha vida,
Mas sua lembrança esta viva em meus pensamentos e em meu rosto,
E principalmente, presente em meu caráter.