O Escafandro.
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De muito pensar em mar, eis que sonhou
inventos miraculosos para mergulhos.
De tanto se afogar, eis que imaginou
inventos miraculosos para os adentros.
De tanto desejar fazer morada
a casa de águas salgadas,
águas de banho, moinho e recriação,
eis que desaprendeu o nado e o óbvio,
eis que se lançou ao vazio dos homens
e tomou ansarinha-malhada e sereno,
eis que se tornou manto branco
para o corpo duplo da saudade.
Sem direção, sem encaminhamento,
eis que se tornou os pedidos no barco,
os pedidos de amor machucado,
as pragas de assombração,
as ambições mendigadas,
eis que se banhou de seda, perfume e promessa:
Oh, mãe das águas...
Cuida bem de meu amante
que esse já não me volta.
Dá-lhe abrigo e pesca
lanterna e bitácula,
holofote, farol.
Toda luz é pouca,
todo mar é fundo,
oh, mãe das águas.
Dá-lhe os meus respiros,
minha embarcação,
meu leme e vigia
pela madrugada
no alto disperso.
E sem nós no prumo
na proa sem rota
dá-lhe de existir
com a minha sorte
no seu escafandro.
Oh, mãe das águas...
Cuida bem de seu amante
Patrícia (no) Porto