O Escafandro.

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De muito pensar em mar, eis que sonhou

inventos miraculosos para mergulhos.

De tanto se afogar, eis que imaginou

inventos miraculosos para os adentros.

De tanto desejar fazer morada

a casa de águas salgadas,

águas de banho, moinho e recriação,

eis que desaprendeu o nado e o óbvio,

eis que se lançou ao vazio dos homens

e tomou ansarinha-malhada e sereno,

eis que se tornou manto branco

para o corpo duplo da saudade.

Sem direção, sem encaminhamento,

eis que se tornou os pedidos no barco,

os pedidos de amor machucado,

as pragas de assombração,

as ambições mendigadas,

eis que se banhou de seda, perfume e promessa:

Oh, mãe das águas...

Cuida bem de meu amante

que esse já não me volta.

Dá-lhe abrigo e pesca

lanterna e bitácula,

holofote, farol.

Toda luz é pouca,

todo mar é fundo,

oh, mãe das águas.

Dá-lhe os meus respiros,

minha embarcação,

meu leme e vigia

pela madrugada

no alto disperso.

E sem nós no prumo

na proa sem rota

dá-lhe de existir

com a minha sorte

no seu escafandro.

Oh, mãe das águas...

Cuida bem de seu amante

Patrícia (no) Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 07/06/2012
Código do texto: T3710721
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