Gosto de amor
E o corpo dobra, docemente,
Baila, escorre, instiga,
eu tomado de silenciosa gula,
sorvo simplesmente.
Perto, bem junto
mas proibido,
o cheiro é doce,
a cor per-feita de cobre quente,
a alma, ah! A alma,
dulcíssima.
Vem ,e mesmo de fora,
ante meus famintos olhos
remexe-me’as entranhas,
que antes quietíssimas,
mo davam paz estranha,
sem prazer nenhum.
Talvez por isso,
aceite o trato,
que desde sempre,
mesmo nunca feito,
é fato.
Quero-te sem poder,
sem te ter, tenho-te toda
mais que o teu ... não digo,
serei eu, um dia.
Não te possuo,
e isso nem me passa,
mas por ti mesmo,
pelas vontades loucas,
que dos teus olhos salta,
de quais só mesmo eu,
sou o autor,
dá-se-me toda.
E disso tudo,
sabe-o quem quer.
É nítido, brilha na rua,
não cabe segredo aí,
mas uns dissimulados monstros,
dizem-no pecado,
e forçam-na esperar....
talvez pela morte.