AMOR - FOGO FÁTUO

Versa a paixão inversa

Transpassas a multidão transversa

Versos dos amores meus

Ainda há fogo

Nos versos de Prometeu

Mais por você não sinto mais nada

Aos pés da montanha gelada

Tua pele agora é fria árida

Como os montes Pirineus

Já escalei tuas entranhas

Agora sumi nas entrelinhas

Afinal todas as cobranças mesquinhas

Inclusive das feridas desferidas

Pelo golpe certeiro das injúrias

Palavras esfoliantes que sangram o coração que range

É triste ver esta tristeza que é a mãe da melancolia

Se alojar no peito como uma moléstia que plange

Vagando nos ar se vão

Levando em rodopios os meus suspiros

Que tal qual um pássaro vazio

Só existem enquanto somos criaturas

Quando se morre narram-se as histórias

E todas as rubricas das invalidas promissórias

Esfarelam-se os tolos que a cobram

Os loucos sabem que a nada pertencem

Se não somente a sua loucura

Que não pertence a ninguém já que o hospício é o mundo

Os sinos dobram

Tudo se mescla na imensidão do desconhecido

Depois de um dia adormecido

Os lobos uivam no firmamento lúgubre

As velas se engravidam de ventos gementes

Assim como eu tratei de te esquecer

Deixei a dor saturada de essências silentes

Pois que afinal no fim nada sobra por dentro da gente

No roto instante só há dor e escárnio

O laço está desfeito me desamarro

E tudo vira barro...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 06/06/2012
Reeditado em 07/06/2012
Código do texto: T3709772