AMOR - FOGO FÁTUO
Versa a paixão inversa
Transpassas a multidão transversa
Versos dos amores meus
Ainda há fogo
Nos versos de Prometeu
Mais por você não sinto mais nada
Aos pés da montanha gelada
Tua pele agora é fria árida
Como os montes Pirineus
Já escalei tuas entranhas
Agora sumi nas entrelinhas
Afinal todas as cobranças mesquinhas
Inclusive das feridas desferidas
Pelo golpe certeiro das injúrias
Palavras esfoliantes que sangram o coração que range
É triste ver esta tristeza que é a mãe da melancolia
Se alojar no peito como uma moléstia que plange
Vagando nos ar se vão
Levando em rodopios os meus suspiros
Que tal qual um pássaro vazio
Só existem enquanto somos criaturas
Quando se morre narram-se as histórias
E todas as rubricas das invalidas promissórias
Esfarelam-se os tolos que a cobram
Os loucos sabem que a nada pertencem
Se não somente a sua loucura
Que não pertence a ninguém já que o hospício é o mundo
Os sinos dobram
Tudo se mescla na imensidão do desconhecido
Depois de um dia adormecido
Os lobos uivam no firmamento lúgubre
As velas se engravidam de ventos gementes
Assim como eu tratei de te esquecer
Deixei a dor saturada de essências silentes
Pois que afinal no fim nada sobra por dentro da gente
No roto instante só há dor e escárnio
O laço está desfeito me desamarro
E tudo vira barro...