O FIM NÃO É O FIM

O FIM NÃO É O FIM

Metáforas que me aderem

Ao transpirar em letras o que entendi

Faço-me loucamente desatenta

Finjo que nunca te ouvi.

Finjo que não folheei páginas da tua alma

Que não cheguei ao capítulo da dor

Que tuas palavras estão protegidas

Protejo-te também se preciso for

Adormeço nesse fingimento

Não te quero fazer noites insones

Quero só levar-te o meu amor

E preservar teu lindo ar sonhador

Quantas vezes ensaiei

Dizer-te tudo que sabia

Dizer-te que nem tudo é o fim

E que podes me abraçar

Confiar em mim

Às vezes a gente procura

por algo a vida inteira

E quando encontra

Desconfia do céu

Acha que tudo é asneira

E a madeira talha-se

Na forma dos pensamentos

E caminhando vamos

trôpegos

de encontro aos sentimentos.

Um dia ainda me canso

de tanto metaforizar

solto as rédeas dos verbos

e aposto no verbo amar.

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 04/06/2012
Reeditado em 06/06/2012
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