ENSANGÜENTADO

Há uma brecha em minha alma:

jorra em jatos

o sangue de meus sonhos!

Hiperbólico grito

a dor em mim latente.

Sigo pelas ruas, exangue.

Uns me chamam de bêbado,

outros bebem a angústia

e choram ao meu lado

em silêncio.

A dura pena pelo que fiz

e o que deixei de fazer.

O pesado castigo pelo não

e pelo sim irresponsável.

Irrespondível,

o amor esfacela meus lábios!

Cala a boca! ele grita

em meus ouvidos,

e eu calo, meu corpo fatigado.

Ela não está aqui

e o meu sangue se esvai

nas calhas do desespero.

Deodato
Enviado por Deodato em 05/02/2007
Código do texto: T370290
Classificação de conteúdo: seguro