ENSANGÜENTADO
Há uma brecha em minha alma:
jorra em jatos
o sangue de meus sonhos!
Hiperbólico grito
a dor em mim latente.
Sigo pelas ruas, exangue.
Uns me chamam de bêbado,
outros bebem a angústia
e choram ao meu lado
em silêncio.
A dura pena pelo que fiz
e o que deixei de fazer.
O pesado castigo pelo não
e pelo sim irresponsável.
Irrespondível,
o amor esfacela meus lábios!
Cala a boca! ele grita
em meus ouvidos,
e eu calo, meu corpo fatigado.
Ela não está aqui
e o meu sangue se esvai
nas calhas do desespero.